28.2.05

no sótão de nós

"(...) a razão possui uma natureza escrupulosa e laboriosa e esforça-se sempre por encher de causas e efeitos todos os mistérios com que depara, ao contrário da imaginação ("a louca da casa", como lhe chamava Santa Teresa de Jesus) que é pura desmesura e deslumbrante caos. (...) essa louca: às vezes fascinante e às vezes vezes furiosa, que mora lá no sótão."

Rosa Montero in A Louca da Casa


a imaginação é, então, aquela louca que mora lá em cima no sótão de nós. adoro-a fascinante: quando desce as escadas, aparece em flashes fugazes e torna a vida tão mais clara. quando subo as escadas e fico com ela, são os dias mais loucos, mais transcendentes, os melhores dias, os dias em que a vida e o sonho são iguais (como nas crianças), chamem-me louca como a ela, o que quiserem, são esses os melhores dias dos dias mais felizes da vida. (coisas de "artista"!) :)

faltou

faltou antes do anoitecer. para mim, foi um dos melhores filmes do ano: claro que aquele formato nunca poderia ganhar muitos óscares nem muito menos os de grande impacto, mas... faltou, senti falta de lhe ouvir o nome entre os melhores. seria merecido. mai nada!

27.2.05

Blue(s)


Yves Klein, Monochromatic Blue, 1956
relaxante.
passividade, quietude, introspecção, melancolia, tristeza, mar, céu e sede.
verdade, espiritualidade e sabedoria.

esperança, piedade, virtude espiritual e pacífica. azul.

cor santa.
mágico, de noite sonhos nossos e dia.
limite.
azul.

Dizer adeus sem dar por isso




"Um dia, irás perceber que gostar de alguém, em segredo, é (simplesmente) idealizar; desejar que uma ideia venha até nós sem fazermos nada para ir ao seu encontro.

Um dia irás perceber que idealizar é dizer adeus sem dar por isso. "



Eduardo Sá

26.2.05

e por falar em afectos...

Fazes hoje 25 anos. (o tempo voa!!) de vez em quando ainda te culpo por não ter tido uma infância totalmente de menina como seria suposto... sabias? não que me importe, mas sinto que me faltou, por exemplo, usar aqueles vestidinhos que a avó e a tia me ofereciam em todos os aniversários e eu como unica neta e sobrinha e como maior desgosto tanto imbirrava em usar. a mãe? a mãe já sabia de cor o meu não gosto por vestidos e saias, nem valia a pena sequer tentar vestir-me dessa maneira, eu fazia birra, tirava, envergava umas calças ou uns calções e lá andava no teu rasto, sempre atrás de ti, seguia-te as pegadas e os gostos mais estranhos.
não tens culpa, costuma acontecer, quando se tem irmãos mais velhos, as raparigas sairem "marias rapazes" (lá está o maria como nome tipico popularusco...), as irmãs mais novas gostarem de jogar à bola, de brincar com os carrinhos, com os bonequinhos de futebol, (sim, esses que vêm nos bolos de anos, iguais aos que o pai trazia sempre da ribeiro, assim como os do subutteo (era assim que se chamava? qualquer coisa do genero...)), com mega construções de playmobile que se montavam naqueles dias em que a unica preocupação era essa: montar a construção de playmobile- para quê? não sabíamos, mas montávamos sem nunca acabar, e eram mais ou menos assim os nossos dias. quais bonequinhas, quais vestidinhos, quais barbiezinhas, quais quê! (por acaso tive uma barbie e um ken, mas porque adorava as casinhas deles, construir, montar, desmontar, cortar o cabelo à senhora... :) ) enfim, sempre fui "fresca", que era como diziam quando fazia algum disparate.- porquê fresca? não sei.
tu sempre foste mais calminho, nada de "frescuras"... a mãe dizia que sempre quis ter um casal, pelo menos, e que o filho mais velho fosse rapaz, depois rapariga: para que o irmão mais velho cuidasse da irmã, a levasse a sair (sabes uma coisa? a mãe não adivinha que esse dia nunca vai acontecer, os irmãos nunca gostam de "sair" com as irmãs mais novas...temos de lhe dizer que não deu certo essa parte), queria um rapaz que protegesse a irmã contra os maus! assim foi, sempre gostei de dizer que tinha "um irmão mais velho", que era para os meus amiguinhos como uma ameaça feroz que eu utilizava em ultimo recurso se me chateassem muito, até te verem pequenino e magrinho com essa cara de santinho que tens ate hoje, desculpa, mas realmente não metias muito medo...:)
Quando dormíamos no mesmo quarto, eras a minha arma contra os papões, acho que por isso nunca tive qualquer medo desses monstros do escuro verdes e com cheiro a alho que ameaçam as crianças. erámos cumplices das nossas noites à conversa, ou das discussões que só se calavam no sono. das risotas e "tramoias". ficou vazio quando fui dormir sozinha, sentia a tua falta, do teu respirar barulhento e das tuas coisas no espaço de nós. ainda nos sinto cumplices, pequeninos: as vezes vejo nos olhos da mãe nós pequeninos, bebés, pequeninos, a brincar nos dias de brincar, ou a dormir no mesmo quarto, em camas pequeninas, e brinquedos por todo o lado.
Hoje sinto-te grande e vejo-te ainda nas nossas cumplicidades, todas. as de irmãos. desde sempre corremos paralelos- gosto-te tanto por isso. e sei, porque a mãe ja me contou, que morrias de ciumes meus quando nasci, também deve ser uma coisa normal, descansa. Um irmão é um amigo para sempre- porque tem de ser. e tu es uma segurança na minha vida, sabias? sei que um dia, porque a nossa familia é assim pequenina, vou-te ter como unica lembrança de tudo o que vivemos sempre, vou-te olhar e ver a mãe e o pai e os avós e os doces que lambusavas quando eras gordo, e as viagens intermináveis no carro, as lutas e os carrinhos, as explicações de matemática, as músicas e as piscinas de verão, e esses olhos ternurentos de amigo, mesmo quando te enfureces com o mundo. gosto de ti, demasiado, e isso não é coisa precisa de se dizer. parabéns, meu irmao gordo e bébé.
encontramo-nos em casa, cumplices, "como sempre, como dantes."

25.2.05

afectos

é palavra que gosto

24.2.05

O tempo subitamente solto pelas ruas e pelos dias


o tempo, subitamente solto pelas ruas e pelos dias,
como a onda de uma tempestade a arrastar o mundo,
mostra-me o quanto te amei antes de te conhecer.
eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,
que eu amava quando imaginava que amava. era a tua
a tua voz que dizia as palavras da vida. era o teu rosto.
era a tua pele. antes de te conhecer, existias nas árvores
e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde.
muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.

José Luís Peixoto , in Criança Em Ruínas

23.2.05

adoro...



...molas,
de madeira.

tudo o que são em cada nó,
e todo um mundo de tudo o que as rodeia,
por elas existirem assim:
transparentes a tudo o que são
matéria que fica, sombra que passa.

adoro-zelias...

22.2.05

cidade amarela

hoje senti a cidade pela parte nua.
descalça, olhares
descalços, descalças vidas
breves olhares
a parte mais nua.

a cidade amarela
amarela confiante, extravagante, descalça
amarela fragil.
Percorri gentes e amarelo:
a cidade amarela,
palma da minha mão.

sem ninguém, lá fora a noite eram
braços fortes que a embalavam
e seguia
confiante, amarela, frágil. ninguém.

cidade dona dos meus segredos
guardadora de estórias, enredos
cidade dona dos amores olhares
frágeis amarelos fortes medos

amarela cor
nos reflexos das coisas
amarela vida
nas partes das gentes
amarela, sol que passa:
segura, eterna embalada,
pelos fados das ruas,
cantos das esquinas,
memorias descalças de quem passa
no rasto amarelo,
amarela amarela.

amo. a cidade amarela.

21.2.05

You know


You know

Did i tell you
Where i went this morning
Did i tell you
Where i've been all day

You know
Where i go when i'm without you
You know
Behind the sky
The sun is always
Blue

Did i tell you
Where i spent my evening
Did i tell you
Where i spent last night

You know (you know)
Where i go when i'm without you
You know (you know)
Even ... stands
The moon is always
True

You
Only you

Did i tell

Anja Garbarek in Smiling & Waving

20.2.05

"I'M A ROCK STAR!"



encontrei esta fotografia por aí: que espectáculo!
até a substituia pela outra no post dos The Gift mas...
merece um novo post. no comments... :)

esqueces-te


fotografia margarida delgado

esqueces-te de mim em cada segundo que deixas de querer viver aquilo que sentes. esqueces-te de ti. cada vez que o tempo é o tempo que passa intacto no tempo de ti, esse mesmo, que procuras incessantemente: como se os dias fossem mais dias quando descobertos inteiros crús, como se não fosse melhor deixá-los seguir, sem pressa. Admiro-te. de uma maneira intensa, doce: como trabalhas os teus dias claros e os moldas aos teus gestos. ternura. os nossos dias têm sido assim, claros doces e claros claros. a claridade custa aos olhos claros, sabias? mesmo assim, admiro-te tanto. esqueces-te de ti e admiro-te quando me esqueces na esquina nervosa corrente dos dias. tivesses tu calado esse silêncio suspenso nos minutos que fazem dos dias os dias mais meses e anos que dias horas minutos apressados, um cada segundo de ti tornaria diferente um novo dia, feliz. esqueces-te de nós em cada instante desarmado. e os nossos dias são dias nossos intensos nossos. memórias nossas. preciso de te ver, preciso de ti. esqueces-te.

19.2.05

Ouvir

Queria fazer-te entender
Que as palavras pesam como os sentimentos
E é tão difícil ouvir sem sentir
E é no silêncio
Que eu descubro os teus mistérios
Os olhos dizem o que vai no coração
E é tão difícil ouvir sem sentir


Ouvir, The Gift in Vinil

a eles, obrigada



cheguei agora a casa.
há um silêncio que custa, é o mesmo silêncio de quando se vem de uma discoteca e o silêncio de casa é um silêncio ruidoso que não deixa ouvir o silêncio silêncio, aquele silêncio que precisamos porque: não sabemos porquê? é esse mesmo. está comigo agora. conheço-lhe todas as partes de cor. como conheço de cor as músicas deles: não que seja fã de ouvir a toda a hora, mas que seja fã de ouvir à hora certa, de entrar todo o som inteiro e ficar ficar e soltar e saltar. vim agora do Olga Cadaval. fui ver os The Gift. adoro. adoro sabê-los auto-didactas, e adoro a humildade e falta de arrogância com que nos dão, a quem ouve e compra e vai, tão boa música. adoro o ruido perfeito na imperfeição das formas que pintam as particulas do ar que vai deles aos outros. adoro os saltos e as danças da Sonia. os ténis. voz. saltos. presença. voz. dentro da voz: voz. voz que vem de dentro. gostei imenso do pano a cair teatral. adoro a forma repetida do John dançar ritmado musico-estilo papagaio?... adoro o Nuno naquele segundo em que vai começar a cantar lá em cima de alguma coisa grande: também gosto quando canta e quando dança e quando de repente faz tudo o que é preciso. adoro os The Gift “alternativos” sem o serem! Adoro a Sónia e o Nuno quando se juntam ao Rodrigo Leão. hoje, as luzes estavam perfeitas- mesmo que nunca tivesse ido a nenhum concerto deles, acho, não sei porquê, que hoje foi especialmente especial. adoro alguns dos videos naquele ecrã que parece vindo directo do matrix. adorei o som, adorei ouvir pela primeira vez uma música portuguesa deles ao vivo, e adorei porque a música é optima, porque há um silêncio que nasce dela e a faz timida e deseperadamente fabulosa. odiei duas pessoas que falavam alto lá atras enquanto se cantava perfeito lá em baixo. gostei de acabar aos saltos na batida certa-acho que era a certa. enfim... está perto da perfeição, o espectáculo.
adorei tudo: "lindos meninos, portaram-se mesmo, mesmo, bem!" :)

17.2.05

:)

"Porque um simples sorriso é tão sábio
Como um conceito difícil."

Pudesse eu

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!


Sophia de Mello Breyner Andreson

15.2.05

humanos...!

vim so dizer que adoro gente sincera e honesta/ tenho pena de gente mentirosa, quase chego a sentir desprezo. mentir mentir mentir... leva a mentir mentir mentir. as verdades: as verdades só nos levam às verdades verdades, ainda que doam, as que doem, quando doem: se não doerem melhor.
adoro tanto pessoas sinceras.
"humanos...!"

porque sim.

Gostava de ter a certeza que a irmã Lúcia foi para um sitio melhor do que era aquele em que estava. Gostava de saber certa a sua fé. Gostava de saber que a paz em que vivia é maior agora, onde quer que seja esse lugar de ir e não voltar. Já acreditei mais na religião católica, também já acreditei menos. é bom ter esta certeza: é sempre uma opção de cada um. e essa opção pode levar a todas as convicções e formas de vida diferentes. A irmã Lúcia tinha um olhar cheio de ternura: não me vou esquecer desse olhar. dessa paz. desta vez sinti a morte diferente das outras. senti a morte pacifica, morte não morte. quase não lhe senti o medo. como se a irmã Lúcia nunca morresse, ou nunca tivesse sido humana a 100%, fosse uma mistura de santidade com ser humano, e acabar é sempre a incógnita mais dificil. neste caso nada acaba nem nada começa, sinto a vida a mudar de sitio: mudar. Tenho a certeza que na imperfeição das naturezas humanas a irmã Lúcia tirou a melhor parte, e vai para o melhor lugar. porque só assim faria sentido a vida devota que levou, contemplativa, dentro de dentro de si, de Deus. sagrada, divina. Tenho estas certezas, que não são certezas, só convicções: a chamada fé? tenho a certeza que onde quer que a irmã Lúcia esteja e onde quer que vá e existindo ou não aquilo em que toda a vida acreditou, aquilo que foi a sua vida, vai estar bem, porque sim. porque só pode ser assim.

o regresso.

para quem ficou curioso com a musica "guerreiro menino", regresso com o link para a ouvirem http://www.psd.pt/ na coluna da esquerda carreguem em "a campanha - vídeo" e depois seleccionem Guerreiro Menino. vale a pena. :)

14.2.05

dia não?

gosto de jantares de solteiras/os. porque descubro que não sou a unica. porque somos as ovelhas negras do sitio onde quer que estejamos. porque nos unimos em unissono contra o romantismo. o deste dia. talvez seja porque estou solteirissima, mas... não gosto de olhar à volta e ver pombos por todo o lado, em todos os lugares. não gosto do dia dos namorados. nunca gostei. acho que nunca vou gostar. ok, pode ser que um dia.. não: corações por todo o lado, rosinhas nas mãos dos senhores que hoje, so por hoje, são tão romanticos, musicas romanticas em todas as radios, e jantares romanticos, restaurantes lotados de casaisinhos... e, hoje faltou uma figura importante neste dia tão romanticamente cheio de rosas e rosinhas: o "kéfro"! definitivamente, não. este dia não. apesar de gostar de jantares de soteiras/os. este dia não.

13.2.05

tudo em nós era igual...

Éramos duas pessoas que tinham um
segredo de palavras. Éramos duas
pessoas que, ao longe, tinham
partilhado um instante. Éramos duas
pessoas.

Tudo em nós era igual.

José Luís Peixoto in "Uma casa na Escuridão"

"guerreiro menino"

Sem querer entrar em qualquer tipo de acções partidárias, há uma coisa neste feroz tempo de campanhas repletas de agressões e boatozinhos que me faz querer escrever. Ou seja, estou-me a referir à música que abre a campanha do PSD para estas eleições. Música tal que me fez rir perdidamente e pensar se seria campanha de outro partido, a gozar, ou não. depois, fez-me pensar como seria bom se as nossas preocupações se resumissem às citadas na dita música (mas... será suposto ter pena?). e por fim, já sabendo que a música tinha sido realmente escolhida pelo próprio partido, (e não, não estão a gozar...) "comovi-me" com o quão poético é o nosso "guerreiro menino", quase merece miminhos no proximo dia 20... :)

para quem ainda tem dúvidas sobre a inclinação política, está aqui um link porreiro que pode ajudar, mostra-nos a nossa "orientação"- esquerda ou direira, liberal ou autoritaria, a bússola política.

Riam, chorem, whatever... mas vão votar! Cá vai ela:


Guerreiro Menino (Um homem também chora)

"Um homem também chora
Menina morena
Também deseja colo
Palavras amenas
Precisa de carinho
Precisa de ternura
Precisa de um abraço
Da própria candura
Guerreiros são pessoas
São fortes, são frágeis
Guerreiros são meninos
No fundo do peito
Precisam de um descanso
Precisam de um remanso
Precisam de um sonho
Que os tornem refeitos
É triste ver este homem
Guerreiro menino
Com a barra de seu tempo
Por sobre seus ombros
Eu vejo que ele berra
Eu vejo que ele sangra
A dor que traz no peito
Pois ama e ama
Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E a vida é trabalho
E sem o seu trabalho
Um homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata
Não dá pra ser feliz
Não dá pra ser feliz"

11.2.05

pico


há la sitio onde tenho saudades de pisar é este, algures na parte oeste da montanha do pico.

Quando fui aos açores, quando fui para os açores, fui sem conhecer nem imaginar para o que ia. surpreendente. hoje sei que conheci por aquelas terras o verdadeiro sentido da palavra Natureza. ou alguma coisa parecida. coisa intacta. matéria nobre, intacta, (divina?) pura. tenho muitas saudades dessa viagem, tantas. ainda oiço nos dias mais açoreanos, o barulho do silêncio daquele mar naquela terra naquele som tão silencioso de mar; as vezes quando fecho os olhos ainda vejo as cores que só existem la, cores; ou sinto nas mãos que tremem saudades a terra de memorias e vulcões, o mar. aquele mar. se há sitio onde me espraiava "eternamente" seria por ali, algures entre o cimo e o baixo da montanha mais alta de portugal, virada para o sol a derreter-se no mar, a misturar-se nas nuvens açoreanas tão nuvens e tão especiais, perder-me na terra do nunca verde verde e no mar que não acaba. de braços abertos.

8.2.05

gente

vim só dizer que... gosto de voces!!

gosto TANTO de pessoas, de GENTE!

há situações em que me faço lembrar a minha avó. não conheci pessoa que gostasse mais de pessoas na vida. e cá estou eu por vezes, embasbacada com o meu gostar, de "pessoas"! pessoas, as que passam por mim na rua, ou os amigos que são um bocadinho "d'eu mesma", as que estão no outro banco do comboio, as que dormem nas ruas frias ou as que estao nos melhores hoteis, as que são felizes ou as que sofrem um bocadinho, ou muito... pessoas, de todas as cores, idades, jeitos, gestos, pessoas. dou por mim com um pedacinho do que foi a minha avó e as pessoas da vida dela. a sofrer com eles, ou feliz por eles, a querer ajudar, ou a ser vencida pela preguiça... pessoas!

fico com vontade de abraçar o mundo...

7.2.05

o poeta

"Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia"...

Vinicius de Moraes

5.2.05

há dias em que gostava...

... de ter nascido no meio do sambódromo do rio!!

há dias em que gostava que a vida fosse só

S A M B A, S A M B A, S A M B A, S A M B A, S A M B A,
ú-ú-úúúú-ú ú-u-úúúú-ú ú-úúú-ú-úú ú-ú-úúúú-ú ú-ú-úúúú-ú (ler no ritmo do samba... :))


RIO e mai nada que já é tudo, muito samba e muita animação!!

há dias em que gostava....

4.2.05

cortar raízes.

cortar o cabelo é uma lufada de ar fresco na vida. acontece-me sempre. mesmo quando fica mal cortado. mesmo quando no cabeleireiro esta uma criança aos berros ao meu lado. e sabem tão bem os dias a seguir a cortar o cabelo, é como se mudassemos uma parte de nós só por mudar um bocadinho o fisico e como se mudar a rotina e o habitual fosse uma sensaçao nova, nos mudasse tambem a nós. como quando tiramos um dia especialmente dedicado às coisas terra a terra da vida (chamadas futeis) e vamos comprar imensas roupas e coisas novas só para mudar o visual. um dia diferente. para haver uma rotura com os dias anteriores e no fundo haver um impulso permante à nossa não-rotina. como se os outros reparassem nas nossas roupas novas: se eles só reparam na nossa cara nova. é tudo uma coisa nossa. de cada um. a nossa constante mudança e motivação. se pudesse, acho que ia adorar cortar o cabelo todos os dias, para experimentar sentir assim sempre, um dia diferente, uma imagem diferente da vida no espelho, ar fresco e cortar raízes. e como o povo adora cortar raízes!!

jack johnson...


...finally in lisbon! :)

3.2.05

maria, maria

ontem aprendi mais uma expressão popularusca com os nossos velhinhos.... :)

"maria maria, sua cara de enguia!"

eheh

2.2.05

upa upa II

Kunami (fresquinho)

chama-se kunami. é um fruto. pode ser confundido com ameixas podres,
mas só por quem tenha pouca cultura frutesca!
é kunami, do bom, com "k"!
kunami é um fruto tropical muito raro, por isso é que o preço upa upa, puxadote...
kunami sabe mesmo a kunami, daí o nome.

1.2.05

viajar

"Uma das pesssoas que me ensinou a viajar foi a minha mãe. Ensinou-mo com uma simples frase. A única vez que viajámos juntos, fomos a Roma. Estávamos sentados uma tarde na Piazza Navona, o seu local preferido de Roma. Ela bebia um dos seus inúmeros chás diários e há mais de uma hora que ali estávamos, sentados a comtemplar a beleza perfeita da praça...Mas estavamos ali há demasiado tempo, era a primeira vez que vinha a Roma e tinha, logicamente, alguma pressa de seguir caminho e ir ver outras coisas. Sentindo a minha impaciência, a minha mãe disse-me: "Miguel, viajar é olhar". Só o olhar não mente, porque todo o real é verdadeiro."


Miguel Sousa Tavares in "Sul"

grito II

tenho andado constipadissima, daí o grito, o desespero.

o g r i t o s e r v i a p a r a l i b e r t a r t o d o o t i p o d e v i r i n h o s i n s u p o r t a v e i s q u e s e a p o d e r a r a m d a m i n h a p e s s o a e m e p r e n d e r a m à c a m a n e s t e s d i a s - a t s h i m ! . . .

mas obrigada a quem se preocupou. até porque há gritos gritos que são assim gritos desses e que acontecem tantas vezes. acho que entre amigos, nunca estamos completamente ausentes, só um bocadinho menos presentes, falta de tempo, ou falta de tempo disponivel... atshim!...
Lembrei-me de uma música que o que tem de depressiva tem de boa. adoro, que me faz lembrar Marvão de alguma maneira, que se chama Grito, e que é também ela sobre esse grito, grito de gritar.


"Meu Deus, se nos velas
Diz-nos o que é que nos espera
E porque é que o sol demora atrás da colina escura
Anda dar luz ao caminho que a gente assim desespera
É como sonhar sozinho
Como se o mar fosse raso
E o céu não tivesse altura


Sempre no silêncio
Dá gozo a voz deste chão
Mas inda me dói a alma
Na dor do corpo e das mãos
Tenho medo deste frio
Que à noite sinto no peito
Como se andassem cavando
Como se andassem fechando
Buracos de solidão
A gente não sabe
O que há depois do horizonte
A gente é um vulto curvado
Com uma sombra defronte
A ouvir rumores na distância
A sentir dentro um segredo
Feito de sonhos calados
Feito de braços fechados
Num poço fundo de medo

Anda dar luz ao caminho
Que já nos dói a demora
É como sonhar sozinho
Um sonho que nunca vinga
Num grito que nunca chora"

Mafalda Veiga