sobre a asul
mas das ultimas vezes foi diferente. fomos com pressa na mesma, como sempre, mas sem medo. eu fui sem medo. a asul não morde. acho que já conhecemos de cor as orações e as coisas duras e leves e fortes e frágeis que nos vão dizer: aqueles que acreditam mais do que nós. Mais do que eu. gosto tanto de ir, confesso. gosto ainda mais de ser do contra. gosto demasiado de pôr tudo em causa, num dos ambientes mais seguros e confiantes e crédulos que ja conheci. Às vezes sinto-me uma aberração: por andar ao contrário. por acreditar noutros conceitos diferentes- que na essência são tão iguais- sinto que eles não sabem, e sinto que eles sentem que eu não sei os que eles sentem: e isso é fantástico! às vezes há vezes em que fico só a ouvi-los, e ouvi-los só é bom. sabe a abrigo. eles são certos nas coisas deles, pequeninos e grandes, fazem coisas de gente boa: constroem mundos melhores. eles são pequeninos como eu, cheios de vontades que se tornam reais porque somos pequeninos e não distinguimos os sonhos da realidade. não há maneira de ser mais feliz do que sermos criança para sempre. às vezes, há vezes em que me confundo com eles. acho que há qualquer coisa nessas vezes que me enche,que faz sentir melhor quando preciso. mas é mais do que essencial pôr tudo em causa. é demasiado forte para se aceitar sem saber bem o que é: esse conceito esquisito de religião que sabemos existir certo desde sempre. até sermos crescidos e pensarmos e duvidarmos de tudo. até sermos ainda mais crescidos e voltarmos atrás nas roturas que fizemos quase sem pensar. (re)começar. Quero começar a ajudar os outros -no verdadeiro sentido da palavra, preciso disso para viver melhor: como um elixir, ou, uma espécie de missão. escrevo para me afirmar que 'tou lá': mesmo que me confunda cada vez mais com eles (os grandes que são pequeninos) ou que me perca das suas teorias tão certas. a asul tem-me feito bem. gosto deles e gosto de os ouvir. há uma energia maior no espaço vazio que sobra de nós: sente-se à distância. estar perto tem-me feito acreditar mais num mundo melhor. ter a certeza que existe: e tão perto do perto que somos nós.