o acaso
ultimamente tenho vivido acasos, talvez sejam todos os mesmos de sempre, mas desta vez reconhecidos como acasos que são. O meu novo projecto vai-se chamar acaso. vai-se basear no acaso. ainda não sei bem como, nem que forma física lhe vou dar (esta é a parte que mais me custa fazer). Vai nascer do acaso porque ele já nasce do acaso mesmo antes do acaso acontecer. esta coisa de fazer projectos é uma loucura, as ideias surgem-nos em todo o lado e de todas as maneiras, fragmentadas. temos de trabalhosamente as decifrar e as fazer surgir em forma fisica, arquitectónica. sem que nunca se perca o sentido conceptual que o fez criar-se desde o principio da sua (tentativa de) existência.
Acho que no fundo o que quero é fazer um link directo da arquitectura para a minha vida. porque o território do novo projecto é um acaso fantástico na cidade, é um tropeção que nos abre uma janela com uma vista espectacular de lisboa. mas melhor do que isso é o facto de por trás da janela e por trás nós sermos só nós e a janela e nós em nós em silêncios de nós. o facto da natureza ter ajudado a criar barreiras que nos proporcionam lugares como este, onde se respira paz. (claro que o programa tem acasos feitos por pessoas estranhas com ideias estranhas que eu acho que nunca vou compreender.) e o link aparece porque tenho vivido acasos pessoais, que me têm fortalecido e enfraquecido e que acima de tudo me têm feito abrir os olhos para determinados assuntos, um deles é este de saber e acreditar sempre que nada acontece por acaso. e tudo o que recolhes dos dias são frutos para sempre, nada por acaso. acasos: tropeções surpreendentes que alteram minuciosamente o curso da vida de qualquer pessoa. só temos de os fazer importantes em nós e decifra-los. aceita-los 'with open arms' e tirar o melhor partido possivel. fazê-los nascer no mundo certo, há hora certa, e aprender a sua existência.