15.12.04

Sabia de cor

Era noite. Aquele som entrava seguro a combater o que era frágil. Sabia-o de cor. Sabia de cor os acordes que eram dele e só dele, cada curva dos lugares que o faziam. O chão por onde me levava. Aquele som entrava seguro e a combater. Tornou-se dono de um espaço e alterou-o. Alterou as memórias que pairavam no ar desse espaço cheio de ar e som. O som, aquele. Entrou e adormeceu-me, como pózinhos mágicos. Não sei bem para onde fui, mas adormeci no som daquele som que me levou para dentro dele próprio. Pensei que o sabia de cor. Até conhecer as entrelinhas daquilo que o faz existir, a cada tempo. Era um lugar mágico, e talvez por isso, a memória não se quer lembrar, para não estragar. Andei por la a noite toda.

arquitectura

hoje prometi a um colega meu (pedro, é contigo.) que um dia ia falar aqui de arquitectura, para que ele não se sentisse tão "invasor" de assuntos que não conhece. Mas não vou falar de arquitectura. não me atrevo. e não sei falar de arquitectura. vou só dizer que há dias como hoje em que gosto mais de arquitectura do que outros. gosto da arquitectura escultórica, se é que ela existe. Gosto de espaços e de criar espaços quando eles ficam giros. Gosto de criar luz e luz e luz a bater na luz que bate na luz e nos planos e no vazio e nos buracos, gosto quando a luz passa a correr sem ser vista. odeio quando corre mal. detesto arquitectura quando corre mal. adoro ver os projectos dos outros, criticar, dar opiniões, sugestões. Para o meu, não. nada disso. Gosto, como hoje, quando as coisas até correm bem. Amanhã, possivelmente, se a minha professora me enviar o trabalho para as origens outra vez, vou vir desfeita em caquinhos partidos e vou chorar e vou pensar o que é que eu ainda estou a fazer neste curso, vou pensar que a minha vida não está no caminho certo, que estou a perder tempo, enfim, um drama, uma tragédia. (um horror)digna de uma noticia importante na TVi. Se, pelo contrario, a professora me disser maravilhas do projecto (sonha Pipa...) eu vou sentir pela primeira vez que não estou a gastar trezentos euros por mês (nem me atrevo a fazer as contas ao ano...) em vão. Por falar em vão: Fiquei a saber este ano que os engenheiros chamam vão ao espaço que vai de um pilar a outro. interessante, não é? é por estas e por outras que eu não falo de arquitectura no meu blog. nunca.