15.12.04

arquitectura

hoje prometi a um colega meu (pedro, é contigo.) que um dia ia falar aqui de arquitectura, para que ele não se sentisse tão "invasor" de assuntos que não conhece. Mas não vou falar de arquitectura. não me atrevo. e não sei falar de arquitectura. vou só dizer que há dias como hoje em que gosto mais de arquitectura do que outros. gosto da arquitectura escultórica, se é que ela existe. Gosto de espaços e de criar espaços quando eles ficam giros. Gosto de criar luz e luz e luz a bater na luz que bate na luz e nos planos e no vazio e nos buracos, gosto quando a luz passa a correr sem ser vista. odeio quando corre mal. detesto arquitectura quando corre mal. adoro ver os projectos dos outros, criticar, dar opiniões, sugestões. Para o meu, não. nada disso. Gosto, como hoje, quando as coisas até correm bem. Amanhã, possivelmente, se a minha professora me enviar o trabalho para as origens outra vez, vou vir desfeita em caquinhos partidos e vou chorar e vou pensar o que é que eu ainda estou a fazer neste curso, vou pensar que a minha vida não está no caminho certo, que estou a perder tempo, enfim, um drama, uma tragédia. (um horror)digna de uma noticia importante na TVi. Se, pelo contrario, a professora me disser maravilhas do projecto (sonha Pipa...) eu vou sentir pela primeira vez que não estou a gastar trezentos euros por mês (nem me atrevo a fazer as contas ao ano...) em vão. Por falar em vão: Fiquei a saber este ano que os engenheiros chamam vão ao espaço que vai de um pilar a outro. interessante, não é? é por estas e por outras que eu não falo de arquitectura no meu blog. nunca.

8 comentários:

Anónimo disse...

"Toda a obra de um homem, seja em literatura, música, pintura, arquitectura ou em qualquer outra coisa, é sempre um auto-retrato; e quanto mais ele se tentar esconder, mais o seu carácter se revelará, contra a sua vontade"

Samuel Butler

maria disse...

Grande frase, sim senhor!

pipa disse...

também acho. grande resposta às minhas coisas. o caractér é sempre revelado. aliás, chamava-lhe outra coisa, "o caractér está sempre contido", mais para dentro, mais para fora. descobre-o quem quer. acho que somos eternos dependentes dos olhos dos outros em nós.

Anónimo disse...

Pois, tambem axei kuando a pus la.. mas paro por aki, sem ser arkitectura e afins n tenhu outras confias ctg:P
Desculpa nem ter dito kem era.. n costumo responder a blogs.. sou o gonçalo da tua turma.
continua assim arkitonta.. ;)

jinhus

Mar disse...

Hoje soube-me tão bem ler-te... soube a chão, a segurança, a... nem sei. Soube bem. Porque hoje estou sem chão, hoje também estou insegura em relação ao curso, à profissão... hoje o estágio não correu bem... e eu que estava a gostar tanto do estágio... às vezes gosto de não ter certezas, acho que quem as tem está enganado, que as certezas não existem... mas hoje até sabia bem ter algumas... às vezes olho para pessoas que estão em outros cursos, cehias de certezas, cheias de saber o que vão fazer no futuro, o que têm que fazer e penso: "mas será que só em psicologia é que há tantas incertezas, será que só em psicologia é que nunca sabemos o que vamos fazer a seguir, será que só em psicologia é que achamos sempre, a cada novo desafio, a cada nova pessoa que temos de "tratar" que não sabemos nada?" E sinto-me assim... pequenina... mesmo. Por isso foi bom ver que tu também tens dúvidas, que não sou a única, que é normal... senti-me menos perdida, senti de novo um bocadinho de chão debaixo dos pés. Obrigada por isso. Sobretudo hoje, que as coisas não correram lá muito bem. E eu, como tão insegura que sou, fiquei logo a achar que estava a fazer tudo mal e que não ia conseguir... estou a tentar lutar contra isso, pensar que é normal eu ainda não saber nada, que ´r normal ter montes e montes e montes de dúvidas, mais a dada dia que passa, mais a cada novo dia de estágio, mais a cada desafio... Beijinho

Anónimo disse...

ARQUITECTURA,ARQUITECTURA, ARQUITECTURA... QUE SE LIXE A ARQUITECTURA!!!
INÊS

maria disse...

Acho que dúvidas dos cursos todos temos. Nem que seja só num dia em que as coisas correm pior... Eu então, nem sei o que vou fazer quando acabar. Um curso de literatura, se não for para dar aulas ou acabar a fazer traduções, não serve para nada assim específico. É uma coisa completamente indefinida e com muuuuuuito desemprego. Penso nisso quase todos os dias. Do pessoal que era da minha turma e que já acabou o curso, até agora, NEM UM conseguiu emprego! É um pesadelo... quanto a mim, acho que o melhor mesmo é manter os horizontes abertos. Bora lá fazer outros cursos à parte, montar espectáculos ;), aprender coisas práticas na estrada, ter ideias, ir começando a entrar. E depois quem sabe...com a literatura aprende-se a criar mundos novos, quem sabe um livro? Isso era bom :) Ah e já agora: arquitectura é uma coisa de que não percebo nada, mas Pipa, eu acho que te assenta que nem uma luva! Dá-lhe com força ;)

Anónimo disse...

As tuas duvidas e frustrações com este curso são tudo menos unicas. A unica coisas que é unica é a sinceridade e humildade com que as expões, sem medo. Também eu gosto da arquitectura escultórica, e de luz e espaço e cheios e vazios... e também eu odeio concluir que isso não passa de fantasias académicas que nunca serão o nosso dia-a-dia. Mas depois conheço pessoas impecaveis com quem trabalhar diariamente é fantástico e que estão no mesmo barco, com as mesmas dificuldades, e percebo que isto é... UM CURSO, não uma religião: Não é preciso adorar, é preciso fazer! E ás vezes olhar as coisas de um ponto de vista simplista evita demasiadas divagações que só servem para nos deixar tristes!

Obrigado por teres pensado em mim! Pedro