16.12.04

(re)inventarmo-nos

Aqueles que sonham de dia conhecem muitas coisas
que escapam àqueles que só sonham de noite.

Edgar Allan Poe

Natal dos hospitais

Acho que foi a primeira vez que vi 5 minutos do Natal dos Hospitais. Pelo contrário do que possa parecer, não tenho nada contra os senhores que estão ali a sofrer com todo o tipo de doenças. no ano passado estive em s.josé enquanto dava este programa, lembro-me perfeitamente. a minha avó não tinha paciência para estes programas, eu ria-me com ela nas nossas cumplicidades, não precisava dizer nada para eu ser a certeza de que a vida dela estava era cá fora. as colegas de quarto era só o que queriam ver, havia para lá uma luta... Lá descobri porque é que o programa se mantém de ano para ano. Acho que para quem está deitado numa cama de hospital durante muito tempo, qualquer animação diferente é boa.
Mas, porquê é que o natal dos hospitais é sempre tãããão deprimente, tãããão mal apresentado, tãããão feio em cenários, tãããão pouco apelativo e com taaaantos convidados que não interessam nem ao menino??!
Este ano houve uma excepção, os quadrilha. Aprendi a gostar de alguma maneira. E confesso que estes 5 minutos que vi pela primeira vez na vida, tiveram um culpado, chamado Bento. O Bento é pequenino, quase se esconde atrás da sua bateria. Mas consegui vê-lo. Pequenino e cheio de vontade. Valente. Atrás do seu sonho. O Bento. Dei-lhe um tempo meu e sei que estou agora menos em divida, as saudades ficaram um bocadinho mais pequenas.

azul

Amanha quero ter tempo para os outros, mais do que hoje, bem mais do que hoje. E tempo para escrever. Só trabalhos, e meus. Cansa.
vai-me saber tão bem dormir hoje. Estou cansada e não gosto de me deitar cansada sem ter conseguido acabar o trabalho que me cansou. A noite ja se apagou. há uma luz que entra pela janela, já natural, e que me diz que estou fora de horas, completamente fora de horas. Gosto de me deitar quando os outros acordam, gosto. De viver ao contrario- do mundo. De pensar nas pessoas que como eu invadem a madrugada, são silêncio, e gostam. Gosto tanto do amanhecer, das cores do amanhecer. Daquele azul que não é dia nem é noite e é as duas coisas- azul azul. Dos sons do amanhecer. E dos silêncios misturados entre eles em coro. Já me esqueci do cansaço. Azul. Vou sonhar azul azul.