1.2.05

viajar

"Uma das pesssoas que me ensinou a viajar foi a minha mãe. Ensinou-mo com uma simples frase. A única vez que viajámos juntos, fomos a Roma. Estávamos sentados uma tarde na Piazza Navona, o seu local preferido de Roma. Ela bebia um dos seus inúmeros chás diários e há mais de uma hora que ali estávamos, sentados a comtemplar a beleza perfeita da praça...Mas estavamos ali há demasiado tempo, era a primeira vez que vinha a Roma e tinha, logicamente, alguma pressa de seguir caminho e ir ver outras coisas. Sentindo a minha impaciência, a minha mãe disse-me: "Miguel, viajar é olhar". Só o olhar não mente, porque todo o real é verdadeiro."


Miguel Sousa Tavares in "Sul"

grito II

tenho andado constipadissima, daí o grito, o desespero.

o g r i t o s e r v i a p a r a l i b e r t a r t o d o o t i p o d e v i r i n h o s i n s u p o r t a v e i s q u e s e a p o d e r a r a m d a m i n h a p e s s o a e m e p r e n d e r a m à c a m a n e s t e s d i a s - a t s h i m ! . . .

mas obrigada a quem se preocupou. até porque há gritos gritos que são assim gritos desses e que acontecem tantas vezes. acho que entre amigos, nunca estamos completamente ausentes, só um bocadinho menos presentes, falta de tempo, ou falta de tempo disponivel... atshim!...
Lembrei-me de uma música que o que tem de depressiva tem de boa. adoro, que me faz lembrar Marvão de alguma maneira, que se chama Grito, e que é também ela sobre esse grito, grito de gritar.


"Meu Deus, se nos velas
Diz-nos o que é que nos espera
E porque é que o sol demora atrás da colina escura
Anda dar luz ao caminho que a gente assim desespera
É como sonhar sozinho
Como se o mar fosse raso
E o céu não tivesse altura


Sempre no silêncio
Dá gozo a voz deste chão
Mas inda me dói a alma
Na dor do corpo e das mãos
Tenho medo deste frio
Que à noite sinto no peito
Como se andassem cavando
Como se andassem fechando
Buracos de solidão
A gente não sabe
O que há depois do horizonte
A gente é um vulto curvado
Com uma sombra defronte
A ouvir rumores na distância
A sentir dentro um segredo
Feito de sonhos calados
Feito de braços fechados
Num poço fundo de medo

Anda dar luz ao caminho
Que já nos dói a demora
É como sonhar sozinho
Um sonho que nunca vinga
Num grito que nunca chora"

Mafalda Veiga