23.1.05

cadê o "mundo"?




"o homem só se apercebe, no mundo, daquilo que em si já se encontra;
mas precisa do mundo para se aperceber do que se encontra em si (...)"

Rui Chafes

antes e depois

mudei um bocadinho o meu estilo de vida desde que tenho um blog onde gosto de escrever, sobre qualquer coisa, o que quer que seja. agradeço vivamente à Rita Ferro Rodrigues, por me ter ensinado a gostar de blogs, a gostar da parte de partilhar com o mundo as nossas coisas, mesmo as mais intimas, a Rita ensinou-me a gostar ainda mais da escrita desprendida dos dias. -entre outras coisas. depois dos primeiros tempos na "blogosfera" sinto-me um bocadinho diferente: há uma reacção nova que tenho em relação às coisas, e boa: filtro melhor aquilo que me acontece no dia a dia, como se tudo o que vivesse fosse motivo de escrita, e é, quase- ou pode ser, dependendo da maneira como se (des)escreve. o maior problema é a disponibilidade dos dias que correm. dias que correm no verdadeiro sentido da palavra- porque os dias têm corrido a correr ultimamente.
antes de ter o blog, nunca pararia diante de uma criança na rua a inventar palavras para descrever o seu sorriso; nunca pensaria que o lugar da luz do dia é a vida, a praia em vida crua; nunca iria pensar em descrever o desenho perfeito da perfeição em palavras simples; nunca saberia como dizer diariamente àqueles que gosto, que são parte de mim, assim como nunca saberia dizer àqueles que mudaram a minha vida, por pouco que seja, o quanto lhes estou grata por isso; nunca iria pensar em descrever a solidão da velhice ou a dor dor da morte nua, ou, num acto de coragem escreveria para mim tais coisas, o que nunca seria vivido da mesma maneira; ou seja, o blog foi, sem duvida, uma marca importante, um lugar seguro onde me tenho inteira, onde o mundo me tem inteira. vou continuar, porque enquanto estou aqui, sou feliz, mesmo a descrever as maiores babuseiras. obrigada a quem me tem lido. (ja sinto saudades de escrever) os vossos comentarios são abraços abracinhos- e, saber que de alguma maneira vos entro pela casa a dentro -amigos- tira-me um bocadinho das culpas de andar tão sem tempo para estar com voces. saber que também vos leio a alguns nas nossas conversas de vizinhança, e que por aí nos vamos tocando entre os fugazes cruzamentos da amizade no nosso tempo.