16.6.07

horas felizes

O vento é a música de dança das árvores.
As chaminés não sabem que é feio apontar.
Os copos sentem-se vazios quando ninguém bebe por eles.
Os lápis são escritores inseguros.
As esferográficas são operárias especializadas.
Os agrafadores não gostam de ideias à solta.
Os bigodes são aprendizes de ventríloquos.
O rio queixou-se das margens por assédio sexual.
Fazer a barba é afinal desfazê-la.
O mar inspira e expira.
As rosas têm licença de uso e porte de arma.
Os candeeiros dormem de dia.
Todos os versos são linhas de fuga.
As horas felizes passam num instante porque se riem do
tempo.

Luis N.
em minguante

amor de mãe,
angola '69 ?

fachadas

gosto de criar personagens. gostava de conseguir ser forte para as suportar. encarno inconscientemente personagens. como as que vivo no dia a dia, entre as ruas que sobem e as ruas que descem, as ruas planas. como as fachadas dos prédios. sou de vários tempos, caras diferentes. procuro o que não é igual em pessoas diferentes. com umas pessoas sou crescida, com outras sou criança. a alguns protejo, de outros preciso de urgente protecção.

sou tão eu em todas as caras e sou de tantas maneiras diferentes.

será defesa? ser assim assusta-me numa infiel amizade à minha alma.