30.9.05

maior que eu.

es grande e maior que eu.
depois dás um passo, ficas da minha altura.
quando olho pela estrada, em cores desfocadas vais diminuindo nos teus passos gigantes
es um ponto e a estrada é vazia.
é bom quando regressas. vais crescendo
dentro de mim. ficas maior que eu outra vez. maior que eu.

28.9.05

a minha melhor mãe

a minha mãe faz anos hoje e isso é só por si um motivo de comemoração. mas sempre achei que há pessoas que merecem ainda mais serem comemoradas. merecem ainda mais parabéns por existirem assim tal e qual como são. a minha mãe é assim, como mãe.
é um porto seguro. e o meu abraço. é o sorriso da minha avó. e tem aquela coisa de ser boa pessoa só porque nasceu assim, aquela coisa que ainda hoje me faz falta nos dias sem a minha avó. a minha mãe tem os olhos do meu avô. só precisa de nós. e é uma das minhas forças!
dá-me tudo, ensinou-me tudo.
e é a minha melhor mãe do mundo!!! :)

nem os sinto no chão

os pés. tenho andado com os pés fora do chão. ando desesperada a procura de um carro, mas ando de ferias ainda. ando a pé. ando sozinha. tenho andado feliz e com saudades. ando à procura de trabalhos e de mais independência. ando com vontade de estar com os amigos. e de sair com eles. ando devagar e sem pressa. a voar às vezes. a rir. a preparar-me para o recomeço- e este ano vai ser giro. e ando meia desligada do meu "bloguezinho", talvez outros diarios lhe tenham tomado lugar. voltarei..... :)

14.9.05

tudo


Tudo me é uma dança em que procuro
A posição ideal,
Seguindo o fio dum sonhar obscuro
Onde invento o real.

À minha volta sinto naufragar
Tantos gestos perdidos
Mas a alma, dispersa nos sentidos,
Sobe os degraus do ar...


(Tudo - Sophia de Mello Breyner Andresen)

9.9.05

ESTOU CEGA!!

às vezes quando vou ao teatro acontece-me (e isto desde pequena), naqueles momentos em que o público não faz nem o barulho do respirar e so a voz do actor ecoa na sala, apetecer-me gritar, ou responder-lhe em voz alta, quebrar aquele silêncio arrepiante e em sintonia de quem enche uma sala de teatro. e fico a imaginar se o fizesse, se saltasse para aquele palco, qual seria a reacção das pessoas. às vezes perco-me com estes pensamentos. e isto desde sempre. ontem também foi assim durante o ensaio sobre a cegueira. foi giro. forte e diferente. cenários que nos movem da cadeira e movimentos que nos fazem virar o cerebro do avesso. por várias vezes se ouviu o grito arrepiante que vinha do palco: "estou cego!!", e por várias vezes se fez pensar na cegueira que nos cega devagarinho o dia a dia.

7.9.05



...um instante na memória de chegares é mais valioso do que jardins, do que montanhas, do que anos de tempo.


José Luís Peixoto
in "Uma casa na escuridão"