3.6.05

casa do piano



tenho saudades daquela casa que fica la em cima de tudo. alguém lhe chamou a casa do piano, tem um piano cheio de historias e sons de tempos, um piano onde o Zé tocava. e o Zé havia de ter sido uma pessoa especial. havia noites em que ainda o ouvia tocar, as vezes saía da casa do piano e ia la fora misturar-me nos verdes das arvores das montanhas. ficava só a ouvir aquele silêncio e aquela perfeição. ouvia as notas de um piano eterno. como se o tempo lá parasse sempre que se entra, no paraíso. e é sempre assim, no ar daquela casa especial. os sons a entrarem fundo num eco maior que nós. cada vez que vejo esta fotografia lembro-me de lá, do quentinho da casa feita de pedra fria, madeira quente. feita de pessoas. do chão dos nossos passos nele, da sensação e da paz que é o regresso. lembro-me de abrir a porta da casa do piano (de parti-la também!) como quem abre um livro que se volta sempre para ler mais uma frase inesquecivel. e são memórias para sempre, como cores tatuadas cá dentro. lembro-me do abraço mais quente que há, o de chegar. da guida a ser maior que o mundo e a segurar-nos por dentro. tenho algumas saudades, das grandes: dessa casa, do piano. de braga!

1 comentário:

disse...

por isso mesmo é que temos que ir lá. para desmaiar saudades,pô-las ao fresco no frio da serra, deixá-las passar nas pedras grandes da parede, no chão, no sussurro de vento que vem desde lá de baixo e percorre os km inteiros da cidade para nos ir cumprimentar onde as estrelas estão mais perto e o céu se toca com a mão. tudo ali se deixa tocar, entra e sai de dentro de nós no espaço que temos bem dentro no coração. num lugar que temos de portas fechadas para guardar lá dentro o ar, o frio quente, a casa do piano, os croissants, a guida, os abraços, a francisca e o zé. um lugar que se pode abrir lá, qu deixamos a fazer corrente de ar e que é sempre tão difícil de fechar e dizer " até à próxima".

no fim do mês vamos lá,
conto ctg