26.12.04

paraíso ao contrário


...e eu aqui quentinha a escrever sobre a paz no meu natal.
Faz medo pensar na força da Natureza e das nossas coisas viradas contra nós de repente. Estar algures espraiado a descansar da vida sem mais nada e ter tudo e o mar vir com uma força estranha e levar-nos com ele, ou roubar-nos dos braços quem gostamos. nós: imóveis, impavidos, incapazes, pequenos. (e há sempre um português em qualquer lado do mundo.)
Pensar que é realidade e que aconteceu. Que são mais de 11 mil, os que já morreram.
Pensar que tudo é demasiado efémero para as nossas certezas pequeninas pequeninas serem certezas certezas. Medo dos paraísos que a Natureza nos deu e que amamos virados com força contra nós. Esmagando-nos. Tirando-nos a vida aos bocadinhos. nós: imóveis, impavidos, incapazes, pequenos.
Até nos matarem.

1 comentário:

Anónimo disse...

Quando li isto já se sabia da morte de mais de 70 000 pessoas!!!!!!!!!!!!! setenta mil vidas humanas, anónimas, que nunca conhecemos, apagadas da face da terra pelos caprichos da natureza.

É triste, mas se falas de certezas, uma coisa te garanto: a unica certeza fundamental a partir do momento em que nascemos é que havemos de morrer. Ser por uma onda ou por uma bactéria, ou por uma mutação genética numa célula... é a lei fundamental da vida.
So não acho que os paraisos deixem de o ser por ter coisas assustadoras. Acho que grande parte da beleza que um sitio pode ter é a indomabilidade da natureza. As rosas têm espinhos ne?.....

Mas é claro que esta treta toda da natureza e da morte e da vida e da certeza de morrer se torna uma estupidez insensivel quando nos toca a nós perder alguem querido.
Acho que fomos feitos com um sistema emocional pouco adaptado a ultrapassar as dificuldades da vida