15.3.05

vontade

é por estas e por outras é que tenho uma vontade estupida de ser mãe, só por uma questão de ser, conhecer esse outro lado da vida, viver momentos como esses do pedro, como os que a rita ferro rodrigues tão bem descreveu no seu blog, como os mesmos momentos (d)escritos de todas as maneiras diferentes por todas as pessoas diferentes, mas com o mesmo acontecer. só a vida a acontecer. há dias em que dá uma vontade de deixar de ser filha para passar a ser mãe, vontade de viver para outra vida que não a minha... vontade...

mas como nada na minha vida aponta para que isso aconteça tão cedo....

fico na vontade!

6 comentários:

janica disse...

relax Pipa! tudo tem o seu tempo ;)
besos***

Mar disse...

Apesar de achar que a escrita da Margarida Rebelo Pinto é muitas vezes algo vazia de conteúdo, sobretudo nas ficções, há coisas dela que gosto de ler. Há crónicas dela muito engraçadas, talvez pelo aguçado espírito crítico, talvez pelo tom tão directo que utiliza. Não sei. Se bem que agora virou demasiado comercial. No entanto continuo a achar que as primeiras, aquelas que foram escritas antes de se tornar conhecida e que, provavelmente, ela escrevia por escrever, porque sim, são engraçadas. Esta que aqui deixo não é nem crítica nem assertiva, mas é de uma ternura que me comove. Pelo menos a mim. E que tem tudo a ver com o que escreveste neste comentário. Um sentimento que tão bem percebo. Mas em vez de escrever algo meu sobre isso, e porque iria escrever quase o mesmo que tu, deixo-te estas palavras, que tão bem expressam esse sentimento ou essa vontade de “Ser mãe”.

Ser mãe

Primeiro, ouvi-lhe o som, tão doce e perfeito que nenhuma onomatopeia pode exprimir. Um murmurar suave e carente, entrecortado e sem ritmo que a pouco e pouco se transformou em choro de fúria e contestação. À minha volta os mágicos e as fadas circulavam forrados a amarelo com toucas e máscaras, luvas e tudo, numa sinfonia de gestos e palavras. E eu a ouvir tudo. Mesmo ao meu lado, de mão dada comigo, a minha fada preferida explicava-me tintim por tintim o que se estava a passar. Foi então que o ouvi, nesse choro doce e quase imperceptível. As lágrimas começaram a escorrer-me pelas fontes abaixo até me entupirem os ouvidos, as melhores e mais deliciosas lágrimas que alguma vez eu sentira, O meu coração duplicou de tamanho, vi o futuro num instante e pensei: isto não pode ser verdade, é impossível sentir tanta paz, tanta serenidade. De repente eu já não tinha ossos nem cartilagem, era toda feita de mel. Do peito escorria-me amor, a cabeça fervilhava de ideias, a alma consumia-se na mais deliciosa das paixões.
Foi então que o vi. Besuntado em óleos celestiais que só o organismo conhece e fabrica, para proteger do mundo. A cabeça redonda, os olhos colados e a boca em acção, a chorar.
Olhei-o de perto. Pousaram-no sobre o meu peito e ele de imediato sossegou. Depois levaram-no e eu fiquei mais acompanhada do que nunca com a imagem dele que enchia os meus olhos, o meu coração e a minha nova alma de mãe. Senti-me abençoada. A sala de operações parecia o céu, cheia de anjos mascarados e fadas disfarçadas.
Mais tarde, desci para o quarto pouco depois trouxeram-no. Mandei toda a gente embora menos o pai e ficámos ali, sem articular uma palavra a adorar o nosso maior sonho. Finalmente, depois de tantos meses de enjoos, cansaço e peso ele tinha chegado. Uma pessoa inteirinha feita de nós. Abanei a cabeça com pena de mim mesma por me ter consumido em problemas que afinal não tinham a menor importância. O fundamental estava ali. Ao meu peito. A beber o meu leite. A alimentar a minha vida. Olhei-o durante horas, até o cansaço me derrubar e continuo a olhá-lo todos os dias durante o mesmo tempo. A casa silenciosa parece um templo de retiro e meditação. Nunca o silêncio me foi tão grato, nunca o sossego foi tão perfeito.
Há uma nova atmosfera aqui. Já não se respira ar, só amor. E quando ele acorda e abre os olhos à procura da sombra que eu ainda sou, conto-lhe histórias que não conheço, porque agora eu também já não me conheço, sou mais, muito mais do que fui. Sou Mãe. E não há nada no mundo melhor. Só tão bom, é ser Pai.

(Margarida Rebelo Pinto)

Mar disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Mar disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Mar disse...

Desculpa estes comments apagados, mas tisto dizia que não aceitava e eu fui mandando várias vezes até que vi que já estavam lá três iguais. Beijinhos!

pipa disse...

janica :) acho que é do signo, ou então não sei: tenho pressa de viver, (como diz a margarida rebelo pinto) sei lá!!
gostei do texto tess... apesar de n saber o q é isso que se sente, imagino.