3.1.05

esquinas

naquela mesma esquina onde se encontraram, perderam-se. passaram anos. anos que duraram a vida. anos curtos que foram anos. e anos anos que foram curtos e vida. numa esquina de tempo: o amor a cruzar-se como as vidas que correm por esquinas e esquinas de ruas e ruas. por vidas que se cruzam desconhecidas, em olhares que são o tempo solitário. encontraram-se na esquina, inesperada, quase chocaram- chocaram a vida e os olhos e dentro deles a vida, e os olhos, a vida. naquela mesma esquina onde se encontraram, perderam-se. passaram anos. o amor a ser a vida e a esquina a ser o desenho das suas histórias. o desenho das memórias mais felizes. as suas certezas mais certezas. perderam-se. para sempre, ou até uma esquina qualquer no fim de uma rua qualquer, naquela mesma esquina onde se encontraram: deserta só para eles. (porque o amor é assim, um deserto deserto de nós.) esperam a vida roubada em todas esquinas de todas as ruas, o amor. o que os fez eternos cruzados. amor que os fez viver. naquela mesma esquina. vivem e esperam, esperam, esperam a existir. o inesperado que mais esperam, nas esquinas das esquinas da vida.

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