16.12.04

azul

Amanha quero ter tempo para os outros, mais do que hoje, bem mais do que hoje. E tempo para escrever. Só trabalhos, e meus. Cansa.
vai-me saber tão bem dormir hoje. Estou cansada e não gosto de me deitar cansada sem ter conseguido acabar o trabalho que me cansou. A noite ja se apagou. há uma luz que entra pela janela, já natural, e que me diz que estou fora de horas, completamente fora de horas. Gosto de me deitar quando os outros acordam, gosto. De viver ao contrario- do mundo. De pensar nas pessoas que como eu invadem a madrugada, são silêncio, e gostam. Gosto tanto do amanhecer, das cores do amanhecer. Daquele azul que não é dia nem é noite e é as duas coisas- azul azul. Dos sons do amanhecer. E dos silêncios misturados entre eles em coro. Já me esqueci do cansaço. Azul. Vou sonhar azul azul.

1 comentário:

disse...

há aquelas noites de insónia em que fico a olhar para o tecto. nessas alturas, noutras tambám, tento pensar em quem poderá estar acordado, e a fazer o quê. fazia isto quando era pequena. primeiro com o meu pai, depois com a minha mãe, sempre a fazer contas de fusos horários da europa, áfrica. por aí. às vezes acordo de noite e penso em ti. ou na ana, num concerto qualquer, mas muitas vezes imagino-te a ti, debruçada numa mesa, depois numa maquete e num pormenor de construção que não entendo. também te imagino à janela, a tentar agarrar ideias pelo desenho de constelações, a inventar caminhos. sempre te imaginei a amanhecer numa luz azul azul.